Um litoral em transformação

Cinco anos depois da pandemia, vemos uma série de transformações na sociedade brasileira. Mudaram formas de trabalhar, de cuidar da saúde e, também, de viver. Com efeito, o cenário que enfrentamos naqueles tempos difíceis fez muitas pessoas e famílias decidirem ter uma virada em suas rotinas e futuros. Se antes as grandes cidades e seu clima urbano prevaleciam, hoje os ventos sopram em favor de lugares mais próximos da natureza.

No Sul do Brasil, por exemplo, isso se refletiu em praticamente um “êxodo” para o litoral. Indivíduos e famílias inteiras trocaram as metrópoles por cidades menores, próximas ao mar e às áreas verdes, com um clima mais calmo. Durante e no pós-pandemia, a qualidade de vida e o bem-estar ganharam a preferência na decisão de onde morar e construir seu futuro.

Os litorais paranaense e catarinense viram esse movimento se intensificar, mas é o Litoral Norte gaúcho que se destaca nessa migração. Dados das associações locais da construção civil indicam que cerca de 60% dos que se mudaram para a região, durante o período mais agudo da Covid-19, permaneceram por lá.

O Censo 2022 mostrou ainda que, das 10 cidades com maior aumento populacional no Rio Grande do Sul, sete estão no Litoral Norte – que registrou incremento de 32% no número de habitantes desde 2010. Capão da Canoa, por exemplo, teve um avanço de 51%. Dados atuais das prefeituras dos 23 municípios da região apontam que a população, hoje, chega a um milhão de pessoas.

Esse influxo se fez sentir também na maior demanda por serviços essenciais, como saúde, educação e saneamento básico – e diversas cidades têm buscado ampliar os investimentos nessas áreas. Por outro lado, a iniciativa privada procura atender essas expectativas, por meio dos chamados complexos multiuso em meio a um mercado imobiliário pulsante – que registrou VGV de R\$ 6 bilhões em 2024.

São empreendimentos imobiliários que combinam diferentes usos em um só local, como residências, espaços comerciais, áreas de lazer, escritórios, consultórios e serviços de educação e saúde. O objetivo é criar ambientes nos quais as pessoas possam viver, trabalhar, consumir e ter diversas das suas necessidades atendidas, sem precisar de grandes deslocamentos.

É o caso da saúde: complexos dessa natureza podem contar não só com áreas residenciais, mas com a oferta de serviços de saúde e bem-estar. No Litoral Norte gaúcho, onde empreendimentos multiuso como esse estão sendo desenvolvidos, isso traz mudanças significativas.

Além de ser um atrativo a mais para quem busca um novo local para viver, a disponibilização de um centro de saúde amplia o acesso e fortalece a infraestrutura assistencial da região que, hoje, não tem atendimento de alta complexidade. A população de toda a região, assim, pode contar com esse atendimento sem se deslocar até Porto Alegre. E quem visita o litoral gaúcho também ganha: um processo que se retroalimenta, impulsionando a vocação turística das praias e fazendo a economia girar.

Com grandes projetos em vista, como o Porto de Arroio do Sal e o Aeroporto de Torres, e somadas a esse movimento desde a pandemia, os municípios do Litoral Norte do RS são hoje um novo polo de desenvolvimento no Sul do Brasil. Uma das muitas transformações destes cinco anos, inspiradas na busca por saúde e qualidade de vida.

E uma mostra, também, de como a iniciativa privada, especialmente o segmento imobiliário, pode contribuir para mudar regiões inteiras, indo além do morar, ajudando a solucionar demandas históricas das nossas cidades.

Alfredo Pessi
CEO do Grupo Pessi